terça-feira, 3 de abril de 2012

O meu hamster chama-se Micas...

No meio de toda a minha ignorância, tenho-me encontrado cada vez mais culto. Sim, é uma daquelas frases que surge, só a meio de uma longa caminhada, com a mochila às costas se consegue, ou no caminho de volta da escola e do trabalho. Às vezes penso… se toda a gente tivesse um desejo na vida que se pudesse concretizar logo de momento, penso que seria voltarem atrás. Muito atrás. Pelo menos esse seria o meu. Enquanto escrevo, vou dando assim um olhar de esguelha para encontrar aquela palavra que me foge e dou por mim a olhar para as dezenas de recortes de fotos, postais recebidos e rabiscos que antigamente fazia mas que hoje já não os consigo fazer assim tão bem. O mais incrível é que, lembro-me tão bem de quando preguei aquele quadro de cortiça, vazio… e nele tentei preencher logo com uma foto minha, de longe a minha favorita. No centro obviamente. Hoje, encontram-se fotos de momentos bons, viagens, aquele guardanapo com uma piada parva que se trouxe do mc’donalds ou até os bilhetes dos concertos, porque afinal de contas, são recordações. Tenho andado distante e frio. Não sou o mesmo que figura naquele quadro grande parte das vezes. Tenho objetivos na cabeça, como sempre tive, mas sou demasiado preguiçoso para os concretizar. Vá… lá vai assim um de vez em quando, pelo menos até se meter mais alguma coisa pelo meio que me tire o interesse do primeiro, e assim em diante, até que tenha outra epifania e me faça voltar ao início. Já lá vão três meses e ainda aqui estou…
Tal como outras tantas pessoas, também tive direito a um ano novo. Direito aos mesmos clichés, direito às mesmas superstições, direito a acreditar que o que está para trás já passou só porque quem inventou o calendário não sabia contar para além do 12 e resolveu voltar atrás à procura de uma nova tentativa. Eu não procuro uma só. Aliás, as que procuro são várias que até me assusto quando começo a contar quantas preciso. Sinceramente só chega a ser assustador quando conhecemos bem o problema, ao passo que quando procuramos soluções vemos que normalmente os caminhos a seguir só vão dar a becos sem saída. Sim, sou um conformista. Obrigado! E cá estou eu mais uma vez a puxar para o sentimento, que, por mais revoltante que possa ser, não me impele para mudar de atitude e enfrentar o touro pelos cor… chifres.
“Oh Tiago, tira essa cara de triste que mais pareces um totó”. Vindo de uma miúda de 11 anos. Fez-me rir, bastante aliás. Supostamente deveria ser eu a dizer isto a ela, ou a qualquer um dos outros 27 que ali estão todos os sábados prontos para mais um dia cheio de atividades, faça chuva ou sol, embora prefiram o sol diga-se de passagem. Algo está errado no meio desta história toda. Só se sabe é que o tempo passa e parece haver mais regressão do que progresso. Sim, esta última frase foi escrita usando uma mistura de negativismo extremo e parvoíce. Mas… faz sentido… é estranho mas faz e é isso que me irrita. Sinto-me afetado pelo que não devia e dou importância ao que não devo. Talvez amanhã deixe de estar ressentido com várias coisas. Talvez o Benfica ganhe e eu ganhe um impulso de alegria, embora que momentâneo, mas há-de vir… e será bem recebido. É nisto que dá quando tenho tempo para pensar (rindo-me bastante agora). Vou tentar continuar a ser o distraído e inconsciente que sou, ao menos esta melancolia não me volta a dar tão depressa.

O meu quadro de cortiça começou assim… e assim começou a minha viagem: